Desde criança viviam juntos, Paula e Kevin eram inseparáveis, coisa linda de se ver, duas crianças se amando de uma forma tão pura e sem malícia. Nada diziam sobre eles, apenas riam... além do mais eram só crianças. Mal sabiam todos que buscariam por toda a vida um amor como aquele que durou por muito tempo.
 
— Ké
Paula não conseguia dizer seu nome e dizia deste jeito quando pequena, e então firmou-se o apelido.
— Diga Paula
— Você fez a última lição?!
— É claro, você não fez de novo?!
— Ah, ontem estive muito ocupada, depois que você foi embora.
— Com o que?! Eu lhe dei as explicações, era só fazer.
— Meu namorado esteve lá depois, e então ele foi minha ocupação.
— Veja lá, este namoro só está te atrasando!
— Pare com isso. Você sabe que a culpa não é dele e sim minha!
— Hmmmm.
 
Esta era uma das conversas mais comuns entre os dois, Paula era namoradeira, Kevin mais sensato e culto. Estudava sempre que podia, Paula namorava sempre que podia. 
 
Kevin tinha um rosto bonito, corpo franzino, mas atraía as meninas com seu jeito de ser, cheio de amigos e amigas, mas nunca namorou, exceto quando pequeno com Patrícia, prima de Paula. Se perguntavam por que ele não arrumava alguém, ele era tudo o que uma mulher precisava, com 15 anos, já tinha conceitos e atitudes de homem, era educado e cordial com as mulheres.
 
Paula era mulata, linda, cabelos lisos e bem tratados, rosto angelical e um corpo esbelto. Não era muito de estudar, passava nas custas de seu amigo Kevin que a pedido dos pais dela a ajudava nas lições, indo em sua casa e dando explicações. Paula era namoradeira, vivia no portão com Fernando o atleta mais desejado pelas meninas do colégio Vode, que Paula com seu rostinho conquistou.
 

parte2

 
Acabaram as férias de meio do ano no colégio Vode, escola renomada da cidade, Ladário, e uma das melhores do país também. Tinha de tudo no Vode, pessoas de diversos estados, e até de outros países, todos vinham ao colégio em busca do melhor ensino.
 
Com as notas baixas de Paula, seus pais pediram para Kevin dar aulas intensivas para ela, com isso voltaram a ficar mais tempo juntos, coisas que faziam muito na infância e deixaram de fazer na adolescência. Assim também começaram a se conhecer de novo, além do mais muitas coisas mudaram desde quando eram crianças, as ideias começaram a surgir, as atitudes evoluíram, as manias, os medos entre outras coisas.
 
Combinaram eles de estudar um dia na casa de Paula, e outro na casa de Kevin. Preferia Kevin ficar na casa de Paula pois era mais calmo, em sua casa tinham seu irmão Wesley que era inquieto e não deixava ninguém em paz, até seus pais tinham que aturar o pestinha. Na casa de Paula não, era harmonia e paz, seus pais trabalhavam das seis as seis, e ficavam com a dona Tica empregada da família, que gostava muito de Kevin que a ajudava nas tarefas e conversa muito com ela também coisa da qual Paula e sua irmã Danielle raramente faziam.
 
Paula adorava ler textos românticos na internet, sonhava ela com que sua vida fosse como alguns dos textos que lia. Kevin era um bom escritor, fazia muitos textos de romance dos quais Paula lia e adorava também. Se perguntava ela de onde ele tirava a inspiração para tais lindas histórias, mal sabia ela quem era o motivo maior dos seus textos.

 

parte3

 
Depois de horas, dias, semanas estudando juntos, Paula conseguiu finalmente recuperar suas notas no 3º período, sendo assim Kevin decidiu deixar de dar aulas a ela na esperança de que ela conseguisse caminhar sozinha nos estudos. 
 
Passaram se uns dias, e uma novidade surgia na pequena cidade de Ladário, chegava na cidade uma nova família, os Guimarães, nome comum porém estes eram reais de Portugal, o pai acabara de ser transferido para o Brasil na sua empresa, a mãe continuara em Portugal por causa de seu emprego, vindo assim apenas a filha da família, Victória,  linda portuguesa, olhos claros, cabelos ondulados, e um físico atraente. Kevin como de costume foi educado e se prontificou em ajudar a família a se adaptar, foi bem recebido pelo Guimarães, ou melhor quase bem recebido, a filha Victória foi cordial e gentil com Kevin, mas o pai Duarte ficou desconfiado do menino e o tratou indiferente... nada de estranho em se fazer pois além do mais, até então não faziam ideia de quem era Kevin. Ele os ajudou na mudança com uns amigos, e a partir daí fez amizade com Victória.
Victória era apaixonada por literatura, adorava se encher de conhecimento, lia de tudo um pouco. Livros de romance, suspense, terror, comédia, entre outros diversos que enchiam a estante de seu quarto. Lugar onde passou bons momentos ao lado de Kevin, seu primeiro amigo na nova cidade. 
Kevin indicou a Duarte, já tranquilo com o garoto que o conquistou com sua simpatia, a escola que estudava o Vode, para matricular sua filha, mas ela só iria entrar no ano seguinte pois já havia sido aprovada em Portugal. 
 
O ano letivo no Vode se acabava, com sorte e esforço Paula conseguiu ser aprovada. Paula disse para Kevin que sentia sua falta, depois que Victória chegou Ké deixou-la de lado e deu muita atenção para Victória.
 
— Poxa Ké, nunca mais foi lá em casa né?!
— Ah andei muito ocupado esses dias...
— Com quem, com aquela...
— Aquela o quê?
— Sua nova amiguinha.
— Ah sim, de Victória que você fala?
— É.
— Por acaso está com ciúme?
— Eu?! Ciúme?! De você?! Me poupe seu magricelo.
— Haha, então tá né. Encontro com você outra hora, vou lá me encontrar com aquela.
— Tá bom vai lá com ela, não precisa me procurar mais...
 

parte4

 
— Ah, para, você sabe que pra você eu sempre vou estar disponível.
 
Ela soltou um sorriso de orelha a orelha, daqueles de cinema, lindo, contagiante... pena que Kevin não viu, ficou sem graça e desligou o telefone na cara do menino.
 
Kevin resolveu ir na casa de Paula fazer uma surpresa, ela nem o esperava, quando ele chegou lá, de novo aquele sorriso, lá vinha ela, o amor de Kevin, mal sabia ela que era o amor de Kevin. 
 
— O que você quer?
— Vim aqui te ver, você não queria?
— Mas você não estava indo se encontrar com a Vick? - Respondia ela com um tom sarcástico.
— Estava, mas você é mais importante, além do mais ela sabe esperar e não tem ciúmes de você.
— Hum, pois ela devia ter medo de perder seu namoradinho...
— Que namorado? Eu?! Eu quero outra garota.
— Quem é essa?
— Não sei, isso só meu coração pode dizer.
— Então, seu coração pode me responder?
— Bom acho que não, pois meu coração não fala, e ele só demonstra.
 
E partia Ké para seu encontro com Victória, deixando Paula curiosa para saber quem era a garota que ocupava todo o coração de Kevin.
No caminho para casa de Victória, apesar de ser próximo a casa de Paula, Kevin recebe um telefonema de Amanda, uma amiga de Paula. Perguntava ela quem era a garota de quem Kevin gostava. Mas já? Nem cinco minutos se passaram e a notícia de que Kevin estava apaixonado se espalhava. Kevin sutilmente escondeu quem era a garota e Amanda desistiu, e assim ele conseguia chegar na casa de Victória para o tal encontro.
 

parte5

 
Chegando na casa de Victória, se cumprimentaram, e sem conseguir disfarçar sua curiosidade Victória já soltou a pergunta:
 
— Kevin, quem é a tal garota que você está gostando?
— Ah, você também?! Vou embora.
— Por favor, fala quem é, prometo não contar a ninguém.
— Tchau, tchau.
— Tá bem, tá bem, não pergunto mais.
— Hum, assim espero.
 
Então ele entrou na casa de Victória, e começaram a fazer o que sempre faziam, conversavam bastante, liam textos juntos, se conheciam mais. Kevin não notava, mas Victória estava gostando do menino que estava apaixonado, seu jeito, suas coisas em comum a fizeram vê-lo com outros olhos, olhos de uma garota apaixonada, é, Victória estava apaixonada por Kevin. 
 
Antes de ir embora, Victória voltou a perguntar quem era a menina de quem Kevin estava perdidamente apaixonado...
 
— E aí, pode me contar agora quem é a menina?
— Aaah, quer saber... pra você eu vou contar, gosto de você e confio em você.
— Bom então conte-me logo.
— Eu conheço ela desde pequeno, crescemos juntos, mas nos afastamos um pouco depois da infância, fomos cada um pro seu mundo, pra sua aventura, e agora depois de uns anos percebi que sempre foi ela por quem eu estava vidrado, quem eu desejava, quem eu amava e amo.
— Fala de Paula?
— Sim, como sabe?
— Ah, deve ser porque você vive falando dela.
— É mesmo né. - Respondia ele com um sorriso de um amante no rosto. - E então, satisfeita agora?
— Bom, obrigado por confiar em mim, e pode ficar tranquilo que não conto a ninguém.
— Tudo bem então, vou indo. Já está na minha hora.
 
Depois que ele partiu, Victória se trancou em seu quarto e sem conseguir evitar lacrimejou, chorou por um bom tempo, até que adormeceu.

 

parte6

 

Dias se passaram e Kevin e Victória escondiam seu sentimento, Kevin por Paula, e Victória por Kevin. Foi então que Kevin decidiu se declarar para Paula, mesmo ela ainda namorando com Fernando. 
 
Kevin foi até a casa de Paula, com medo de que ela estivesse com Fernando, e para seu descontentamento, ele estava lá, mas para sua alegria, estava de partida. Paula o chamou, então chegava o tão esperado momento...
 
— E aí menino, estava vindo aqui?
— Sim, posso entrar?
— Claro, vamos lá pra cima.
 
Kevin subia as escadas da casa que vivia a maior parte do seu tempo, mas naquele momento parecia tudo novo, diferente, ele tremia, como se fosse ter um enfarte, Paula percebeu isso e logo perguntou:
 
— O que foi Ké, algum problema?
 
Ele olhou para ela, sentada na cadeira do computador, sentou-se na cama, olhou no fundo dos olhos dela e disse:
 
— Não é um problema, é mais um fardo, uma coisa que carrego comigo a muito tempo, e preciso há muito tempo também lhe dizer. Eu amo você. Desde criança, desde sempre, nunca deixei de amar você, sempre quis que você fosse minha, só minha e de mais ninguém, mais que minha amiga, mais que uma irmã, minha namorada, minha alma gêmea, meu cônjugue, parte de mim. 
— No... nossa, não sei nem o que dizer.
— Não diga nada, sei que você vai dizer que só me vê como amigo, que não sente o mesmo, poupe-me de ter que lembrar disto quando for embora, mas quero que você saiba, que mesmo de forma errada, eu te amo, mais que tudo, mais que todos, como ninguém, mesmo se você não me amar.
 
Então sem deixar ela responder, Kevin se levantou, andou até a porta e disse:
 
— Estou indo, não queria falar isto para você, pois sabia que ficaria confusa, mas não aguentava mais guardar este sentimento e fingir que não sentia nada por você, eu quero gritar pra todo mundo que eu amo você. Me desculpe, e não ache que nossa amizade foi fachada, eu realmente sou seu amigo, mas não te quero só como minha amiga, além de amizade eu quero seu amor, por favor, me desculpe. Até mais.
 
Retirou-se da casa de sua amada, e arrependido de ficar mais tempo para ver o que ela iria dizer, caminhava de volta pra sua casa. Chegando, correu para seu quarto e se trancou lá e adormeceu.
 
Continua...
 
Alô leitores, pessoal do Cafeteria, Ilovebacons, e meus amigos... resolvi postar assim em conjunto pra facilitar o acompanhamento da história, antes era em partes, deixarei em partes também se preferirem, podem encontrá-las aqui.